sábado, 19 de abril de 2014

Categorias de Pesca de Praia.

"A exemplo de todo principiante em qualquer atividade, quem se inicia no surfcasting (pesca de arremesso de beira de praia) deve começar do começo, assimilando os princípios da coisa. Pode-se dizer que as condições básicas para uma boa pescaria compreendem local propício, o tempo favorável, o equipamento adequado, a isca apropriada e o jeito certo. Desses requisitos, só mesmo o tempo é imponderável, algo que está fora de nosso controle. Os outros fatores constituem, por assim dizer, os macetes da pesca". Parágrafo extraído do livro Noções Gerais da Pesca de Arremesso, escrito por Sílvio Fukumoto. 
Pensando nestas palavras, resolvemos escrever esta matéria sobre pesca de praia, lembrando ao leitor que a divisão da pesca de praia em categorias é uma forma de apresentar o assunto da maneira mais didática possível.
A pesca de praia, pode ser considerada uma das modalidades de pesca mais praticada em nosso país. Praias de mar aberto batidas por ondas, praias de tombo com sua rebentação característica e praias de enseadas calmas, constituem um vasto litoral de cerca de 8000 Km do Oiapoque ao Chuí. 






Na pesca de praia, se pratica a pesca de arremesso, onde a distância dos lançamentos na modalidade pesca de fundo por exemplo, pode chegar a algo entre 100 - 130 m ou mais ... se as condições do vento em relação à força e direção forem propicias e estivermos usando equipamentos adequados e bem configurados. 
Para alcançarmos melhores marcas, é preciso muito treino e dedicação do pescador na aplicação correta das técnicas de arremesso ..... lançamento de chicotes iscados a mais de 150 m não são incomuns, mas certamento é façanha para poucos.
Arremessos longos são importantes em certas situações, no entanto, nem sempre é preciso ou necessário pois o peixe pode estar comendo a poucas dezenas de metros da beira da praia, em um buraco, lagamar ou canal.
Se saber arremessar é importante, talvez mais importante ainda, seja descobrir onde o peixe está se alimentando para lá lançarmos nossas iscas.


Categorias de Pesca


Antes da apresentação desta matéria, gostaríamos de salientar que as configurações e sugestões dadas são fruto de nossa experiência na Pesca de Praia e visam obter o máximo de esportividade na pratica do esporte. No entanto gostaríamos de enfatizar, que não há regras absolutas .... ajustes e adequações podem ser feitas à critério do pescador. 

Pesca de beira:


Utilizam-se equipamentos leves e sensíveis, porque normalmente a pesca é praticada com a vara na mão, sem suportes ou esperas fincadas na areia. É uma pesca bem dinâmica que visa pequenos peixes localizados na espuminha ou logo no primeiro canal das praias rasas. 

Os peixes mais encontrados estão na faixa de 100 gramas, para mais ou para menos, tais como betaras ou papa-terra, corvinotas, roncadores, paratís-barbudos, guaiviras, cangoás, savelhas, pescadinhas, galhudos, caratingas, corcorocas, carapicus, cavalinhas, carapaus, pampinhos, bagres e etc.
Às vezes um peixe maior pode surpreender o pescador, que deverá então dominá-lo usando a flexibilidade da vara e os recursos da fricção do molinete que foi regulado previamente para evitar o rompimento da linha. A vara deverá ser trabalhada com calma amortecendo os embates do peixe até que ele se entregue, ficando finalmente encalhado na areia. Não use o molinete como um guincho.

- Molinetes: pequenos e leves com carretéis de diâmetro externo de boca entre 3,0 e 4,0 cm. 

Varas: de 2,00 m a 3,00 m, telescópicas ou de encaixe, construídas com fibra de carbono leve e sensível, de ação média a média-rápida. Casting weight entre 20 e 60 gramas.
- Linhas: nylon de qualidade nas bitolas 0,15 mm - 0,18 mm e para determinadas situações multifilamento para 6 - 8 lb ou menos.
arranque: na ponta da linha-mestra recomenda-se emendar uma linha de arranque 0,25 a 0,30 mm de cerca de 5 a 6 metros. 
Anzóis: bem pequenos, tipo Maruseigo 12, 14 e 16, ou outros como Akita Kitsune, Sodê, Hansurê, etc ..
Chumbadas: pirâmide comum, triângulo ou pirâmide côncava, pião, carambola entre 20 e 40g. A escolha do modelo e peso depende das correntes de maré.
Chicotes: confeccionados com linha 0,40 mm, com duas ou três pernadas de 20 a 30 cm feitas com nylon 0,30 mm ou de preferência flúor carbono. Podem-se usar pequenos rotores de engate rápido, engate fixo ou rotores-miçangas.
-Iscas: pedacinhos de camarão descascado, sernambi, vôngole, marisco (mexilhão), minhoca da praia (poliqueta), pedacinhos de sardinha ou manjuba, etc.


Pesca de meia-água


Utilizam-se equipamentos convencionais de tamanho médio nesta categoria de pesca, uma vez que não são necessários arremessos de grande distância, pois se pesca na faixa de 50 a 70 m.

O objetivo seria alcançar pelo menos o segundo canal das praias rasas ou se pescar em praias de tombo. Nada impede que sejam utilizados os mesmos equipamentos sugeridos para a pesca de fundo, embora sejam um pouco mais pesados.
Os peixes mais visados são os de tamanho médio entre 1 e 2 kg, variando para menos ou muito mais, dentro de uma faixa ampla sem limites definidos. Exemplos: betaras graúdas, corvinas, caçonetes, bagres, arraias, bagres cabeçudos, enchovas, robalos, ubaranas, pampos, parus, pescadas, xareletes, etc. Após o lançamento, o ideal é colocar a vara no suporte e esperar a fisgada.

Molinetes: médios e leves com carretéis de diâmetro externo de boca entre 5 e 6 cm. 

Varas: de 3,60 m a 4,00 m, telescópicas ou de encaixe, construídas em fibra de carbono. De preferência leves, com boa sensibilidade e ação rápida. Casting weight entre 80 e 200 gramas. 
Linhas: nylon de qualidade nas bitolas 0,18 mm - 0,25 mm e para determinadas situações multifilamento de 8 - 10 lb. Recomenda-se usar pelo menos 200m de linha mestre, com uma cama de linha um pouco mais grossa e barata por baixo da linha mestre. 
Os carretéis devem estar cheios de tal forma, que a linha não ultrapasse o ponto onde começa a curvatura da borda do flange interno da saída dos mesmos. 
Certos tipos de carretéis, são tão rasos que o artifício de se usar cama de linha não poderá ser aplicado, estes modelos são mais usados em competições.
Arranque: na ponta da linha-mestra deve-se emendar um arranque de pelo menos 6 m de linha de nylon 0,45 a 0,50 mm ou de preferência um arranque progressivo de nylon 0,20 a 0,52 mm. Pode-se utilizar para a união da linha mestra com o arranque a solda ou nós do tipo nó de sangue ou nó único. Maiores explicações sobre arranques, podem ser encontradas no item que descrevemos a pesca de fundo.
Anzóis: Maruseigo 14, 16, 18 , 20 e outros como Akita Kitsune, Sodê, Hansurê, etc .. 
Chumbadas: pirâmide comum de quatro faces, pirâmide côncava, pião, carambola, bala com haste, etc,  com peso entre 80 e 120g. A escolha do modelo e peso depende das condições do mar.
Chicotes: confeccionados com linha 0,45 - 0,50 mm, dependendo da bitola do arranque. Recomenda-se uma ou duas pernadas de 30 a 60 cm, para menos ou para mais dependendo das condições do mar. 
As pernadas podem ser feitas com linha de nylon 0,40 - 0,50 mm ou ainda linha de flúor carbono que apresenta características interessantes como: maior resistência à abrasão, maior invisibilidade sob a água e por ser mais dura, deixa as pernadas mais armadas. Basta dar alguns estirões na linha de flúor carbono e ela fica reta, sem os indesejáveis espirais que facilitam embolamentos.
As pernadas podem eventualmente ser encastoadas com fio de aço trançado de 40 a 80 libras, caso nos defrontemos com cardumes de baicús, enchovas ou outra espécie com dentes.
Podemos usar rotores de engate rápido, engate fixo, giradores e rotores-miçangas.
Iscas: camarão, manjuba, filé de sardinha ou parati, cernambi, tatuí, carangueijinho das pedras, mariscos e o corrupto.

Pesca de fundo:


Utilizam-se equipamentos apropriados para arremessos de longa distância, muitas vezes acima dos 100m de distância, não sendo raro se buscar o peixe além do terceiro canal a 130-140 m de distância. São equipamentos que funcionam bem em qualquer tipo de praia e situação.

Além dos peixes de menor porte, o pescador tem chances de pescar peixes de maior porte, como arraias, cações, enchovas, robalos, prejerebas, sernambiquaras, violas, xaréus, grandes pescadas e etc... não sendo raro capturas de exemplares maiores que 10 kg.
Se isto acontecer, o sucesso da captura dependerá da habilidade do pescador, calma e paciência são fundamentais pois embora os equipamentos sejam fortes, estamos usando anzóis pequenos e linhas relativamente finas para se alcançar maiores distâncias, sendo o elo mais fraco justamente os nós, em especial o nó de arranque.
A fricção do molinete deve estar previamente regulada e a vara deve ser trabalhada lentamente. Para cima puxando o peixe e para baixo recuperando a linha com auxílio do molinete.
Se o peixe começar a tomar linha, pare de enrolar o molinete e segure a vara em ângulo de +/- 45 graus em relação à água deixando a fricção do molinete e a flexibilidade da vara cumprirem seus papéis, tomando cuidado para que a linha não afrouxe. Se necessário acompanhe o peixe e inicie a recuperação da linha assim que possível, repetir os procedimentos até que o peixe se entregue, encalhando na areia com as ondas trabalhando a seu favor.
Molinetes: tamanho grande, tipo long cast com enrolamento da linha em X. O carretel deve estar cheio até a borda e o enrolamento da linha ser perfeito e paralelo, tudo para ajudar a se conseguir uma boa distância de arremesso. 
- Varas: de 3,90 m a 4,50 m com dois ou três encaixes, construídas preferencialmente em fibra de carbono. Robustas mas com certa sensibilidade, de ação rápida ou de preferência extra rápida e casting weight entre 100 e 250 gramas.
Linhas: nylon de qualidade nas bitolas 0,20 - 0,30 mm e para determinadas situações multifilamento de 8 - 12 lb. Recomenda-se usar pelo menos 300m de linha mestre, com uma cama de linha um pouco mais fina e  barata por baixo da linha mestre. Os carretéis devem estar cheios de tal forma, que a linha não ultrapasse o ponto onde começa a curvatura da borda do flange interno da saída dos mesmos. Certos tipos de carretéis, são tão rasos que o artifício de se usar cama de linha não poderá ser aplicado, estes modelos são mais usados em competições.
- Arranque: na ponta da linha-mestra é preciso se unir um arranque progressivo de nylon cujo menor diâmetro seja compatível com a bitola da linha mestra. O arranque progressivo sem dúvida é a solução mais prática e moderna, pois é produzido sem emendas. Um dia estiquei um arranque progressivo de 15 m e com um paquímetro explorei a progressão das bitolas como resultado observei que os primeiros 6 m do arranque tinham um diâmetro aproximado de 0,23 mm, seguidos de cerca de 3 m onde efetivamente ocorreu a progressão cônica de 0,23 a 0,57 mm, seguidos de mais ou menos 6 m de linha 0,57 mm. Estes números são aproximados pois não usei um micrômetro.
Exemplificando a utilização do arranque progressivo:
- para linha mestra 0,20 a 0,23 mm, usar um arranque de nylon progressivo de 0,20 a 0,57 ou 0,23 a 0,57 mm. 
- para linha mestra 0,25 mm, usar um progressivo compatível pois não faz sentido usar um que comece com 0,20 mm, pois razões óbvias. Cuidado ao se escolher arranques progressivos de nylon para serem usados com multifilamento, pois a parte mais fina dos arranques costumam ter menos resistência que o próprio multifilamento.
Para se unir a linha mestra de nylon com o arranque progressivo recomendo de preferência a solda, como opção temos os nós de sangue e o nó único.
Outra possibilidade seria o uso de arranque de mais ou menos 7 m de um único pedaço de linha de nylon 0,50 - 0,60 mm, mas se for atado diretamente com nó à linha mestre, baterá em passadores de diâmetro pequeno como os passadores LC montados no sistema low rider e o nó ficará também mais fraco.
A solução mais recomendada neste caso seria o uso da solda, usando-se linhas de bitolas intermediárias. Tomando como exemplo a linha mestre 0,20 mm, entre as inúmeras possibilidades e recomendações, faria uma soldagem com 1 m de linha 0,35 mm, mais uma com 6 m de linha 0,55 mm (total de duas soldas).
Outra opção, soldagem com 1 m de linha 0,30 mm, mais 1 m de linha 0,40 mm, mais 5 m de linha 0,55 mm (total de três soldas)
Alguns pescadores fazem a solda da linha mestra diretamente com o arranque, é uma questão de gosto e adaptação. 
Outra opção que vem ganhando muitos adeptos sería a utilização de arranques de multifilamento, cerca de 6 a 7 metros de multi na bitola 0,25 a 0,27 mm ( de 30 a 40 libras) são suficientes. Estes arranques carregam mais a vara, pois a linha PE quase não tem elasticidade e como consêquencia podem gerar arremessos mais poderosos, mas é preciso cautela antes e durante o arremesso ... atenção às laçadas nos passadores, que podem decepar a ponta do caniço. O uso de dedeiras é fundamental.
Anzóis: Maruseigo 14, 16, 18 ou 20; Yamajin da Owner números 4, 2 ou 1, entre outras marcas renomadas.
- Chumbadas: de 120 a 150 gramas do tipo pirâmide de quatro faces, pirâmide côncava, pião, carambola, pingo de água ou bala com haste , garatéias e etc. A escolha do modelo e peso dependem das condições do mar, dê preferência ao uso de chumbadas o mais aerodinâmicas possíveis.
Chicotes: confeccionado com linha 0,60 mm, dependendo da bitola do arranque. Recomenda-se uma ou duas pernadas de 30 a 60 cm, para menos ou para mais dependendo das condições do mar. As pernadas podem ser feitas com nylon 0,40 - 0,60 mm ou de preferência flúor carbono. 
Podemos usar rotores de engate rápido, engate fixo, giradores e rotores-miçangas. Rotores de engate fixo são mais seguros. Avaliar a necessidade de se usar encastoadores, no caso de incidência de baiacús, enchovas ou outras espécies com dentes. 
Iscas: file de camarão, camarão inteiro, amboré, sardinha (toletes, filés, metades da cabeça ou do rabo), filé de betara, parati ou cavalinha, corrupto, lula, siri, pequenos caranguejos, etc.


Na categoria de pesca de fundo, podemos abrir uma sub categoria especial: Pesca Barra Pesada.


Esta categoria se destina exclusivamente à pesca dos peixes de grande porte. É a pesca do tudo ou do nada, sem meio termo. Ou se pega um bom peixe, quem sabe aquele troféu .... ou não se pega nada, pois os tamanhos dos anzóis e das próprias iscas limitam a fisgada dos pequenos peixes. 

A distância dos arremessos na barra pesada é geralmente importante, mas não mais importante do que o lugar que se está arremessando. Como já dissemos procure os locais mais profundos. 
Como o material é pesado, costuma-se pescar de espera, com o caniço num fincador. É uma pesca de paciência e mais confortável de ser praticada em uma praia de tombo, desembocadura de rios, molhes e costões de pedra.
Os peixes mais visados são: cações, miraguaias, enchovas, robalos, prejerebas, sernambiguaras, violas, xaréus, caranhas, arraias, etc.... 

Molinetes: tamanho grande, tipo long cast com grande capacidade de linha e enrolamento em X.

- Carretilhas: adequadas para surf casting, com grande capacidade de linha. São insuperáveis na briga com grandes peixes devido ao seu poder de tração. Embora um pouco mais complicada de serem usadas em arremessos, as temidas cabeleiras podem ser evitadas ou pelo menos minimizadas com um bom treinamento. Uma vez superadas as dificuldades iniciais, torna-se um equipamento confiável.
- Varas: de 3,90 m a 4,50 m com dois ou três encaixes, construídas preferencialmente em fibra de carbono e montada com passadores largos. Devem ser robustas, de ação extra rápida e casting weight entre 150-300g. 
Linhas: nylon de qualidade com bitola 0,35/0,40 mm. Os carretéis devem estar cheios com pelo menos 300m de linha. Linha de Multifilamento 0,27 - 0,32 mm pode ser recomendável na situação de mar calmo com pouco vento.
arranque: recomenda-se pelo menos uns 10 metros de linha 0,60 a 0,70 mm dependendo do peso da chumbada somado ao peso do chicote mais as iscas. Um arranque um pouco maior pode ser recomendado para dar mais segurança na briga com o peixe quando ele estiver no raso, perto de ser embicheirado ou levado para a areia.
Anzóis: como referência de tamanho, o modelo Yamajin da Owner nº 2/0, 3/0 e 4/0. O importante é que sejam fortes e fisgadores. Avaliar a necessidade de encastoa-los com linha de aço trançado de 60 a 120 lb, devido à possibilidade de ocorrência de cações, baiacus e outras espécies de peixes com dentes.
Chumbadas: 150 gramas ou mais, dependendo das condições do mar. As do tipo garatéia podem ser recomendadas devido ao maior arraste das linhas grossas. 
Chicotes: confeccionados com linha 0,60 - 0,80 mm, dependendo da bitola do arranque. Recomenda-se uma ou duas pernadas de 30 a 60 cm, para menos ou para mais dependendo das condições do mar. As pernadas podem ser feitas com nylon 0,60 - 0,80 mm ou de preferência flúor carbono, que são virtualmente invisíveis de baixo da água e embolam menos. Como rotores, dê preferência a giradores ou ainda giradores triplos de pelo menos 60 lb, devido às possibilidades de se fisgar peixes de porte. Avaliar a necessidade de se usar anzóis encastoados e bait clips adequados.
Iscas: camarão inteiro, amboré, sardinhas (toletes), filés, metade da cabeça ou do rabo, filé de betara, parati ou cavalinha , lula, siri, pequenos caranguejos, dando preferência para iscas frescas e consistentes.


Comentário sobre equipamentos:


Hoje em dia, existem no mercado inúmeras opções de varas e molinetes específicos para Pesca de Praia. Não é preciso comprometer o orçamento familiar para adquiri-los ... o importante é avaliar o custo - benefício em relação ao uso que se fará dos mesmos.

Os modelos Top's são o sonho de consumo de muitos, afinal apresentam máximo desempenho e durabilidade, compatíveis aos altos custos de aquisição ... no entanto, costumo dizer que estes equipamentos podem garantir mais conforto e prazer na pesca, mas não garantem o sucesso da pescaria.

Exemplos de varas e molinetes Top de linha para pesca de fundo:

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Fotos cedidas pelo nosso colega Carrasco.


Matéria extraída do forum Pesca de Praia Brasil e publicada no " Conversa de Pesca" pelo próprio autor.



Glbarth

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Como localizar os peixes nas praias.


A compreensão básica de como as ondas são formadas e a observação de seu comportamento durante a trajetória em direção as areias da praia, revelam detalhes do relevo submarino que ajudam a achar os lugares mais promissores para a pesca.
A leitura do relevo submarino é melhor aplicada em praias rasas e mistas ( também chamadas de intermediárias ), pois há formações de ondas que favorecem a visualização dos canais e valos e isto se eles existirem de forma clara, pois há praias na qual estas formações não são expressivas o suficiente para ser notadas.


Praia rasa:



Praia mista ou intermediária:


Praia de tombo:




Em praias de tombo acentuado, águas mais profundas estão localizadas perto da beira, pouco antes da arrebentação.
Se existir um canal mais profundo afastado da beira, será difícil sua visualização pois a profundidade local e o próprio relevo submarino não favorecem a formação das ondas que denunciariam a presença do mesmo. Pequenas diferenças no aspecto superficial das marolas podem eventualmente dar alguma pista de um canal mais afastado, mas isso nem sempre é possível.
Pescadores mais experientes conseguem localizá-los de forma prática, sondam o local arrastando vagarosamente chumbadas do tipo pirâmide. Através dos toques e vibrações, procuram sentir o fundo ... linhas do tipo multifilamentos ajudam na sondagem, pois devido à baixa elasticidade, transmitem melhor as vibrações. 
Nem sempre será necessário tanto rigor na localização de um pesqueiro em praias de tombo, pois os peixes costumam estar localizados na beira a poucos metros da arrebentação. 

Formação do relevo submarino pela ação das ondas e correntes de marés.


O relevo submarino é desenhado pela ação das ondas e correntes marinhas, em questão de dias ou semanas, importantes mudanças podem ocorrer no solo arenoso. 
Abaixo vemos uma rara sequência de 12 fotos de uma praia chamada Agate Beach da Costa do Oregon, as fotos foram tiradas mês a mês entre junho 92 e maio 93. Observando a formação das ondas em cada foto, chega-se a conclusão que o relevo submarino sofreu importantes mudanças ao longo do tempo. 



Fonte: Oregon State University

Canais, valos, buracos e lagamares mudam de lugar em função da ação das ondas e correntes de marés.

Nestes locais em meio à aridez submersa ... os peixes encontram alimento por breve período de tempo. 
A localização destas formações é de grande importância ao pescador esportista e a leitura das ondas revela estes promissores locais de pesca, bem como outras estruturas submersas menos frequentes como aglomerados de pedras, parcéis e destroços de naufrágios.
Canais, buracos e lagamares são formações que atraem os peixes porque acumulam alimentos que foram desenterrados e arrastados pela ação das ondas e correntes de marés. Tudo é muito dinâmico nas praias, estes alimentos constituídos da fauna local se movimentam ao sabor das marés, indo e vindo em meio aos bancos de areia e depressões do solo arenoso, tendendo mesmo que por um breve momento a sedimentarem-se nas depressões.
Os peixes que se deslocam ao longo da praia, costumam frequentar estes pontos de concentração de alimentos e isso facilita sua captura ... são como pequenos oasis espalhados no deserto.
Os peixes de médio e grande porte encontram na maré alta condições de se aproximarem da praia a procura destas formações para se alimentarem de crustáceos e peixes menores.
A piscosidade local, tende a variar com a altura da maré ... melhor produtividade costuma ser alcançada durante as últimas horas da maré enchente (preamar) e primeiras horas do início da maré vazante (baixa-mar).
Bancos de areia em geral devem ser evitados devida a baixa profundidade, no entanto predadores poderão estar localizados junto às paredes que formam os bancos, bem próximo das águas espumadas e oxigenadas à espreita de suas vítimas.
Ressaca e mar muito agitado com formação caótica de ondas e fortes correntes, cavam o leito arenoso da praia com violência, turvando a água e deixando grande quantidade de detritos em suspensão como algas, sargaços e lixo que prejudicam a prática da pesca. Nesta situação extrema, os peixes tendem a se afastar da praia. 
Mar extremamente calmo, sem ondas ou movimentação de correntes, não movimentam a fauna local constituída de crustáceos e outros animais que serviriam de alimentação ... os peixes nestas condições ficam bem dispersos, dificultando sua captura.
Outra situação frequentemente encontrada é o fato dos cardumes de peixe estarem ausentes ou representados por poucos exemplares em certas áreas da praia e mesmo pescando em locais promissores como canais, buracos e lagamares, os resultados poderão ser negativos ou medíocres. 
Além da escassez natural de peixes devido à ação predatória do homem, destruição dos habitats e poluição, outros inúmeros fatores naturais influenciam os resultados da pescaria .... mas tratar deste polêmico tema, não é nosso objetivo.


Leitura do relevo submarino da praia.

Ondas sem crista e sem espuma, conhecidas também como " marolas " ao encontrar águas suficientemente rasas crescem, rebentam e finalmente morrem na beirada da praia.

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Fonte: How stuff works - Ciências da terra.


Durante seu percurso à beira, as ondas podem encontrar baixios como bancos de areia por exemplo. À medida que sobem suas paredes, aumentam de tamanho, formam cristas e acabam se rebentando formando espumeiros que perduram enquanto ela corre sobre o banco de areia.


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Na foto acima, vemos que as ondas que passam sobre os buracos, perdem sua crista espumosa e se alisam. A profundidade do buraco e suas dimensões determinarão o grau de agitação das águas sobre o mesmo, quanto menos espuma se vê, mais profundo é o valo.
Após passar o buraco ou canal, a onda aparentemente morta e sem energia cresce novamente ao encontrar outro banco de areia e se transformará novamente em uma onda com formação de espuma e assim sucessivamente até chegar à beira da praia.
O local onde o espumeiro é visualizado, nem sempre corresponde exatamente à localização do valo, pois as águas superficiais podem estar em movimento pela ação dos ventos e das marés. É preciso se levar em conta esta situação antes de precipitadamente lançarmos nossas iscas no que imaginamos ser, mas não é!
O pescador tem que ter noção da direção e velocidade das águas, para que suas leituras sejam mais precisas.


Em condições laboratoriais, vemos abaixo a demonstração de uma onda se quebrando quando sobe um degrau simulando o banco de areia. Fonte: TD Shand - Onda quebrando - vista lateral.



                                          Fonte: TD Shand - Onda quebrando - vista por baixo.




                                          http://www.youtube.com/watch?v=A-Mrp3_hc38




Cientificamente falando, quando a onda atinge fundos com cotas próximas à sua altura, sua base sofre uma desaceleração devido ao atrito com o fundo e sua parte superior mantém a velocidade se precipitando para frente dando origem à rebentação.
De forma inversa, quando a onda rebentada entra na zona mais profunda de um canal ou buraco, como sua cota ou altura é menor que a profundidade do canal, ela perde altura e tende a se alisar.
No entanto é importante lembrar que a marola que deu origem à onda rebentada continua seu caminho até a beira da praia mantendo seu período original e se a mesma encontrar outro banco de areia, o processo se repete com menos energia, dando origem a uma rebentação de menor intensidade.

Pois bem, entendendo o comportamento das ondas se quebrando ..... fica fácil a visualização mental do relevo submerso das praias e portanto a localização dos canais, buracos e valos que são o objetivo desta matéria, pois nestes locais os peixes tendem a se concentrar. 

Representação esquemática de dois lugares bons para se jogar as iscas.

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Fonte: stripers on line

Foto mostrando duas zonas de arrebentação (waves breaking), dois bancos de areia (shalow sandbar) e dois canais com profundidades de 5 a 7 pés no primeiro canal e 8 a 10 pés no segundo; ambos canais promissores locais de pescaria.




Fonte: Texas - shark fishing 



Abaixo, algumas imagens e videos interessantes:

A animação mostra a movimentação das ondas em águas rasas gerando correntes elípticas da superfície ao solo:

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Fonte: resonances waves and fields

Outra animação, mostrando a movimentação das ondas em águas mais profundas gerando correntes elípticas de menor amplitude na superfície que praticamente desaparecem perto do solo:

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Fonte: resonances waves and fields

Ação das ondas sobre o fundo do mar:


http://www.youtube.com/watch?v=ofSYnTQ77qI


http://www.youtube.com/watch?v=fKMaeqpP8s4




Quando a maré está enchendo, as águas se movem em direção à costa. Quando a maré está baixando as águas se movem para longe da costa. As marés enchente e vazante estão ilustradas pela movimentação da alga verde na imagem:






















Fonte: Ocean service - nooa.gov

Formação de Lagamares.

Nos lagamares, as correntes de retorno das águas cavam a areia dando origem a valos perpendiculares a praia.
Fatores como declividade e conformação da praia associados à frequência, amplitude e volume das ondas que se quebram, determinam o tamanho e a profundidade do lagamar, assim como a força atuante na corrente de retorno, que em certos casos pode ser violenta.

Esquema de formação de um lagamar:




Foto aérea de uma praia com formações de vários lagamares:





Típico retorno das águas em uma formação de lagamar:





























Lagamar visto com a maré baixa:





Fonte: stripers on line.



Na foto do lagamar abaixo, os locais marcados com X são recomendados para se arremessar as iscas. 





Fonte: stripersonline


Conjunto de pequenos lagamares ou canais perpendiculares à praia cercados por bancos de areia.

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Fonte: sealine.co.za


Diante de muitos bancos de areia, como na foto abaixo, precisamos buscar os peixes nos valos que se formam entre os bancos.



Fonte: sealine.co.za

Prováveis locais onde os predadores tendem a se concentrar quando há muitos bancos de areia.

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Fonte:spining mania



Exemplos de leitura de praia.

Abaixo, baseado na leitura que as ondas fazem do relevo submarino, editei algumas fotos de praias, circunscrevendo com lápis vermelho, canais paralelos, valos e buracos localizados, todos propícios para a prática da pesca.

Praia do Gí - Laguna

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Praia Grande - Laguna




Praia do Forte - Cabo Frio 

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Fonte: O Globo

Leitura de um tipo de lagamar com formação de baixios na saída do mesmo, demonstrando fraca movimentação na corrente de retorno. A área circunscrita em vermelho mostra um bom lugar para a pesca em situação de maré cheia, as áreas apontadas por setas amarelas também são interessantes.

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fonte: RipCurrents.nooa.gov



Com uma ressaca assolando a praia, tentar pescar é perda de tempo.

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Fonte: mar&dunas de J.C. Sardá



As informações deste tópico procuram refletir conhecimentos adquiridos ao longo do tempo, no entanto, tenho consciência que não existem regras absolutas na arte da pesca e algumas vezes somos surpreendidos por experiências inéditas que nos obrigam a adequar certos conceitos. 

Autor: glbarth - Pesca de Praia Brasil