Pensando nestas palavras, resolvemos escrever esta matéria sobre pesca de praia, lembrando ao leitor que a divisão da pesca de praia em categorias é uma forma de apresentar o assunto da maneira mais didática possível.
A pesca de praia, pode ser considerada uma das modalidades de pesca mais praticada em nosso país. Praias de mar aberto batidas por ondas, praias de tombo com sua rebentação característica e praias de enseadas calmas, constituem um vasto litoral de cerca de 8000 Km do Oiapoque ao Chuí.
Na pesca de praia, se pratica a pesca de arremesso, onde a distância dos lançamentos na modalidade pesca de fundo por exemplo, pode chegar a algo entre 100 - 130 m ou mais ... se as condições do vento em relação à força e direção forem propicias e estivermos usando equipamentos adequados e bem configurados.
Para alcançarmos melhores marcas, é preciso muito treino e dedicação do pescador na aplicação correta das técnicas de arremesso ..... lançamento de chicotes iscados a mais de 150 m não são incomuns, mas certamento é façanha para poucos.
Arremessos longos são importantes em certas situações, no entanto, nem sempre é preciso ou necessário pois o peixe pode estar comendo a poucas dezenas de metros da beira da praia, em um buraco, lagamar ou canal.
Se saber arremessar é importante, talvez mais importante ainda, seja descobrir onde o peixe está se alimentando para lá lançarmos nossas iscas.
Categorias de Pesca
Antes da apresentação desta matéria, gostaríamos de salientar que as configurações e sugestões dadas são fruto de nossa experiência na Pesca de Praia e visam obter o máximo de esportividade na pratica do esporte. No entanto gostaríamos de enfatizar, que não há regras absolutas .... ajustes e adequações podem ser feitas à critério do pescador.
Pesca de beira:
Utilizam-se equipamentos leves e sensíveis, porque normalmente a pesca é praticada com a vara na mão, sem suportes ou esperas fincadas na areia. É uma pesca bem dinâmica que visa pequenos peixes localizados na espuminha ou logo no primeiro canal das praias rasas.
Os peixes mais encontrados estão na faixa de 100 gramas, para mais ou para menos, tais como betaras ou papa-terra, corvinotas, roncadores, paratís-barbudos, guaiviras, cangoás, savelhas, pescadinhas, galhudos, caratingas, corcorocas, carapicus, cavalinhas, carapaus, pampinhos, bagres e etc.
Às vezes um peixe maior pode surpreender o pescador, que deverá então dominá-lo usando a flexibilidade da vara e os recursos da fricção do molinete que foi regulado previamente para evitar o rompimento da linha. A vara deverá ser trabalhada com calma amortecendo os embates do peixe até que ele se entregue, ficando finalmente encalhado na areia. Não use o molinete como um guincho.
- Molinetes: pequenos e leves com carretéis de diâmetro externo de boca entre 3,0 e 4,0 cm.
- Varas: de 2,00 m a 3,00 m, telescópicas ou de encaixe, construídas com fibra de carbono leve e sensível, de ação média a média-rápida. Casting weight entre 20 e 60 gramas.
- Linhas: nylon de qualidade nas bitolas 0,15 mm - 0,18 mm e para determinadas situações multifilamento para 6 - 8 lb ou menos.
- arranque: na ponta da linha-mestra recomenda-se emendar uma linha de arranque 0,25 a 0,30 mm de cerca de 5 a 6 metros.
- Anzóis: bem pequenos, tipo Maruseigo 12, 14 e 16, ou outros como Akita Kitsune, Sodê, Hansurê, etc ..
- Chumbadas: pirâmide comum, triângulo ou pirâmide côncava, pião, carambola entre 20 e 40g. A escolha do modelo e peso depende das correntes de maré.
- Chicotes: confeccionados com linha 0,40 mm, com duas ou três pernadas de 20 a 30 cm feitas com nylon 0,30 mm ou de preferência flúor carbono. Podem-se usar pequenos rotores de engate rápido, engate fixo ou rotores-miçangas.
-Iscas: pedacinhos de camarão descascado, sernambi, vôngole, marisco (mexilhão), minhoca da praia (poliqueta), pedacinhos de sardinha ou manjuba, etc.
Pesca de meia-água:
Utilizam-se equipamentos convencionais de tamanho médio nesta categoria de pesca, uma vez que não são necessários arremessos de grande distância, pois se pesca na faixa de 50 a 70 m.
O objetivo seria alcançar pelo menos o segundo canal das praias rasas ou se pescar em praias de tombo. Nada impede que sejam utilizados os mesmos equipamentos sugeridos para a pesca de fundo, embora sejam um pouco mais pesados.
Os peixes mais visados são os de tamanho médio entre 1 e 2 kg, variando para menos ou muito mais, dentro de uma faixa ampla sem limites definidos. Exemplos: betaras graúdas, corvinas, caçonetes, bagres, arraias, bagres cabeçudos, enchovas, robalos, ubaranas, pampos, parus, pescadas, xareletes, etc. Após o lançamento, o ideal é colocar a vara no suporte e esperar a fisgada.
- Molinetes: médios e leves com carretéis de diâmetro externo de boca entre 5 e 6 cm.
- Varas: de 3,60 m a 4,00 m, telescópicas ou de encaixe, construídas em fibra de carbono. De preferência leves, com boa sensibilidade e ação rápida. Casting weight entre 80 e 200 gramas.
- Linhas: nylon de qualidade nas bitolas 0,18 mm - 0,25 mm e para determinadas situações multifilamento de 8 - 10 lb. Recomenda-se usar pelo menos 200m de linha mestre, com uma cama de linha um pouco mais grossa e barata por baixo da linha mestre.
Os carretéis devem estar cheios de tal forma, que a linha não ultrapasse o ponto onde começa a curvatura da borda do flange interno da saída dos mesmos.
Certos tipos de carretéis, são tão rasos que o artifício de se usar cama de linha não poderá ser aplicado, estes modelos são mais usados em competições.
- Arranque: na ponta da linha-mestra deve-se emendar um arranque de pelo menos 6 m de linha de nylon 0,45 a 0,50 mm ou de preferência um arranque progressivo de nylon 0,20 a 0,52 mm. Pode-se utilizar para a união da linha mestra com o arranque a solda ou nós do tipo nó de sangue ou nó único. Maiores explicações sobre arranques, podem ser encontradas no item que descrevemos a pesca de fundo.
- Anzóis: Maruseigo 14, 16, 18 , 20 e outros como Akita Kitsune, Sodê, Hansurê, etc ..
- Chumbadas: pirâmide comum de quatro faces, pirâmide côncava, pião, carambola, bala com haste, etc, com peso entre 80 e 120g. A escolha do modelo e peso depende das condições do mar.
- Chicotes: confeccionados com linha 0,45 - 0,50 mm, dependendo da bitola do arranque. Recomenda-se uma ou duas pernadas de 30 a 60 cm, para menos ou para mais dependendo das condições do mar.
As pernadas podem ser feitas com linha de nylon 0,40 - 0,50 mm ou ainda linha de flúor carbono que apresenta características interessantes como: maior resistência à abrasão, maior invisibilidade sob a água e por ser mais dura, deixa as pernadas mais armadas. Basta dar alguns estirões na linha de flúor carbono e ela fica reta, sem os indesejáveis espirais que facilitam embolamentos.
As pernadas podem eventualmente ser encastoadas com fio de aço trançado de 40 a 80 libras, caso nos defrontemos com cardumes de baicús, enchovas ou outra espécie com dentes.
Podemos usar rotores de engate rápido, engate fixo, giradores e rotores-miçangas.
- Iscas: camarão, manjuba, filé de sardinha ou parati, cernambi, tatuí, carangueijinho das pedras, mariscos e o corrupto.
Pesca de fundo:
Utilizam-se equipamentos apropriados para arremessos de longa distância, muitas vezes acima dos 100m de distância, não sendo raro se buscar o peixe além do terceiro canal a 130-140 m de distância. São equipamentos que funcionam bem em qualquer tipo de praia e situação.
Além dos peixes de menor porte, o pescador tem chances de pescar peixes de maior porte, como arraias, cações, enchovas, robalos, prejerebas, sernambiquaras, violas, xaréus, grandes pescadas e etc... não sendo raro capturas de exemplares maiores que 10 kg.
Se isto acontecer, o sucesso da captura dependerá da habilidade do pescador, calma e paciência são fundamentais pois embora os equipamentos sejam fortes, estamos usando anzóis pequenos e linhas relativamente finas para se alcançar maiores distâncias, sendo o elo mais fraco justamente os nós, em especial o nó de arranque.
A fricção do molinete deve estar previamente regulada e a vara deve ser trabalhada lentamente. Para cima puxando o peixe e para baixo recuperando a linha com auxílio do molinete.
Se o peixe começar a tomar linha, pare de enrolar o molinete e segure a vara em ângulo de +/- 45 graus em relação à água deixando a fricção do molinete e a flexibilidade da vara cumprirem seus papéis, tomando cuidado para que a linha não afrouxe. Se necessário acompanhe o peixe e inicie a recuperação da linha assim que possível, repetir os procedimentos até que o peixe se entregue, encalhando na areia com as ondas trabalhando a seu favor.
- Molinetes: tamanho grande, tipo long cast com enrolamento da linha em X. O carretel deve estar cheio até a borda e o enrolamento da linha ser perfeito e paralelo, tudo para ajudar a se conseguir uma boa distância de arremesso.
- Varas: de 3,90 m a 4,50 m com dois ou três encaixes, construídas preferencialmente em fibra de carbono. Robustas mas com certa sensibilidade, de ação rápida ou de preferência extra rápida e casting weight entre 100 e 250 gramas.
- Linhas: nylon de qualidade nas bitolas 0,20 - 0,30 mm e para determinadas situações multifilamento de 8 - 12 lb. Recomenda-se usar pelo menos 300m de linha mestre, com uma cama de linha um pouco mais fina e barata por baixo da linha mestre. Os carretéis devem estar cheios de tal forma, que a linha não ultrapasse o ponto onde começa a curvatura da borda do flange interno da saída dos mesmos. Certos tipos de carretéis, são tão rasos que o artifício de se usar cama de linha não poderá ser aplicado, estes modelos são mais usados em competições.
- Arranque: na ponta da linha-mestra é preciso se unir um arranque progressivo de nylon cujo menor diâmetro seja compatível com a bitola da linha mestra. O arranque progressivo sem dúvida é a solução mais prática e moderna, pois é produzido sem emendas. Um dia estiquei um arranque progressivo de 15 m e com um paquímetro explorei a progressão das bitolas como resultado observei que os primeiros 6 m do arranque tinham um diâmetro aproximado de 0,23 mm, seguidos de cerca de 3 m onde efetivamente ocorreu a progressão cônica de 0,23 a 0,57 mm, seguidos de mais ou menos 6 m de linha 0,57 mm. Estes números são aproximados pois não usei um micrômetro.
Exemplificando a utilização do arranque progressivo:
- para linha mestra 0,20 a 0,23 mm, usar um arranque de nylon progressivo de 0,20 a 0,57 ou 0,23 a 0,57 mm.
- para linha mestra 0,25 mm, usar um progressivo compatível pois não faz sentido usar um que comece com 0,20 mm, pois razões óbvias. Cuidado ao se escolher arranques progressivos de nylon para serem usados com multifilamento, pois a parte mais fina dos arranques costumam ter menos resistência que o próprio multifilamento.
Para se unir a linha mestra de nylon com o arranque progressivo recomendo de preferência a solda, como opção temos os nós de sangue e o nó único.
Outra possibilidade seria o uso de arranque de mais ou menos 7 m de um único pedaço de linha de nylon 0,50 - 0,60 mm, mas se for atado diretamente com nó à linha mestre, baterá em passadores de diâmetro pequeno como os passadores LC montados no sistema low rider e o nó ficará também mais fraco.
A solução mais recomendada neste caso seria o uso da solda, usando-se linhas de bitolas intermediárias. Tomando como exemplo a linha mestre 0,20 mm, entre as inúmeras possibilidades e recomendações, faria uma soldagem com 1 m de linha 0,35 mm, mais uma com 6 m de linha 0,55 mm (total de duas soldas).
Outra opção, soldagem com 1 m de linha 0,30 mm, mais 1 m de linha 0,40 mm, mais 5 m de linha 0,55 mm (total de três soldas)
Alguns pescadores fazem a solda da linha mestra diretamente com o arranque, é uma questão de gosto e adaptação.
Outra opção que vem ganhando muitos adeptos sería a utilização de arranques de multifilamento, cerca de 6 a 7 metros de multi na bitola 0,25 a 0,27 mm ( de 30 a 40 libras) são suficientes. Estes arranques carregam mais a vara, pois a linha PE quase não tem elasticidade e como consêquencia podem gerar arremessos mais poderosos, mas é preciso cautela antes e durante o arremesso ... atenção às laçadas nos passadores, que podem decepar a ponta do caniço. O uso de dedeiras é fundamental.
- Anzóis: Maruseigo 14, 16, 18 ou 20; Yamajin da Owner números 4, 2 ou 1, entre outras marcas renomadas.
- Chumbadas: de 120 a 150 gramas do tipo pirâmide de quatro faces, pirâmide côncava, pião, carambola, pingo de água ou bala com haste , garatéias e etc. A escolha do modelo e peso dependem das condições do mar, dê preferência ao uso de chumbadas o mais aerodinâmicas possíveis.
- Chicotes: confeccionado com linha 0,60 mm, dependendo da bitola do arranque. Recomenda-se uma ou duas pernadas de 30 a 60 cm, para menos ou para mais dependendo das condições do mar. As pernadas podem ser feitas com nylon 0,40 - 0,60 mm ou de preferência flúor carbono.
Podemos usar rotores de engate rápido, engate fixo, giradores e rotores-miçangas. Rotores de engate fixo são mais seguros. Avaliar a necessidade de se usar encastoadores, no caso de incidência de baiacús, enchovas ou outras espécies com dentes.
- Iscas: file de camarão, camarão inteiro, amboré, sardinha (toletes, filés, metades da cabeça ou do rabo), filé de betara, parati ou cavalinha, corrupto, lula, siri, pequenos caranguejos, etc.
Na categoria de pesca de fundo, podemos abrir uma sub categoria especial: Pesca Barra Pesada.
Esta categoria se destina exclusivamente à pesca dos peixes de grande porte. É a pesca do tudo ou do nada, sem meio termo. Ou se pega um bom peixe, quem sabe aquele troféu .... ou não se pega nada, pois os tamanhos dos anzóis e das próprias iscas limitam a fisgada dos pequenos peixes.
A distância dos arremessos na barra pesada é geralmente importante, mas não mais importante do que o lugar que se está arremessando. Como já dissemos procure os locais mais profundos.
Como o material é pesado, costuma-se pescar de espera, com o caniço num fincador. É uma pesca de paciência e mais confortável de ser praticada em uma praia de tombo, desembocadura de rios, molhes e costões de pedra.
Os peixes mais visados são: cações, miraguaias, enchovas, robalos, prejerebas, sernambiguaras, violas, xaréus, caranhas, arraias, etc....
- Molinetes: tamanho grande, tipo long cast com grande capacidade de linha e enrolamento em X.
- Carretilhas: adequadas para surf casting, com grande capacidade de linha. São insuperáveis na briga com grandes peixes devido ao seu poder de tração. Embora um pouco mais complicada de serem usadas em arremessos, as temidas cabeleiras podem ser evitadas ou pelo menos minimizadas com um bom treinamento. Uma vez superadas as dificuldades iniciais, torna-se um equipamento confiável.
- Varas: de 3,90 m a 4,50 m com dois ou três encaixes, construídas preferencialmente em fibra de carbono e montada com passadores largos. Devem ser robustas, de ação extra rápida e casting weight entre 150-300g.
- Linhas: nylon de qualidade com bitola 0,35/0,40 mm. Os carretéis devem estar cheios com pelo menos 300m de linha. Linha de Multifilamento 0,27 - 0,32 mm pode ser recomendável na situação de mar calmo com pouco vento.
- arranque: recomenda-se pelo menos uns 10 metros de linha 0,60 a 0,70 mm dependendo do peso da chumbada somado ao peso do chicote mais as iscas. Um arranque um pouco maior pode ser recomendado para dar mais segurança na briga com o peixe quando ele estiver no raso, perto de ser embicheirado ou levado para a areia.
- Anzóis: como referência de tamanho, o modelo Yamajin da Owner nº 2/0, 3/0 e 4/0. O importante é que sejam fortes e fisgadores. Avaliar a necessidade de encastoa-los com linha de aço trançado de 60 a 120 lb, devido à possibilidade de ocorrência de cações, baiacus e outras espécies de peixes com dentes.
- Chumbadas: 150 gramas ou mais, dependendo das condições do mar. As do tipo garatéia podem ser recomendadas devido ao maior arraste das linhas grossas.
- Chicotes: confeccionados com linha 0,60 - 0,80 mm, dependendo da bitola do arranque. Recomenda-se uma ou duas pernadas de 30 a 60 cm, para menos ou para mais dependendo das condições do mar. As pernadas podem ser feitas com nylon 0,60 - 0,80 mm ou de preferência flúor carbono, que são virtualmente invisíveis de baixo da água e embolam menos. Como rotores, dê preferência a giradores ou ainda giradores triplos de pelo menos 60 lb, devido às possibilidades de se fisgar peixes de porte. Avaliar a necessidade de se usar anzóis encastoados e bait clips adequados.
- Iscas: camarão inteiro, amboré, sardinhas (toletes), filés, metade da cabeça ou do rabo, filé de betara, parati ou cavalinha , lula, siri, pequenos caranguejos, dando preferência para iscas frescas e consistentes.
Comentário sobre equipamentos:
Hoje em dia, existem no mercado inúmeras opções de varas e molinetes específicos para Pesca de Praia. Não é preciso comprometer o orçamento familiar para adquiri-los ... o importante é avaliar o custo - benefício em relação ao uso que se fará dos mesmos.
Os modelos Top's são o sonho de consumo de muitos, afinal apresentam máximo desempenho e durabilidade, compatíveis aos altos custos de aquisição ... no entanto, costumo dizer que estes equipamentos podem garantir mais conforto e prazer na pesca, mas não garantem o sucesso da pescaria.
Exemplos de varas e molinetes Top de linha para pesca de fundo:
Fotos cedidas pelo nosso colega Carrasco.
Matéria extraída do forum Pesca de Praia Brasil e publicada no " Conversa de Pesca" pelo próprio autor.
Glbarth